E dessa vez foi tudo diferente

E dessa vez foi tudo diferente

yansa…E dessa vez foi tudo diferente, o firmar da vela, a preparação para os três dias de preceito, mal sabia que esteira e cheiro de defumação não seriam absolutamente nada perto da presença da divindade que começa a agir.
Diferente das outras obrigações, não menos importantes é claro, mas essa trouxe intensidade e a confusão interna se instalou.
Tudo veio à tona de uma só vez, os sentimentos mais profundos, guardados a 7 chaves estavam dando sinal de que precisavam sair, e aí foi explosão de sentimentos e pensamentos, irritação, tristeza… era ela aqui dentro movimentando tudo com seu temporal, e seu aguaceiro literalmente inundou tudo. Era tanto, que transbordou, era tanto que fez chorar ao deitar e ao levantar.
O atabaque soou diferente e o arrepio logo apareceu, a voz embargou, o corpo tremeu, a lagrima rolou e ela veio pegar seu filho no colo.
Pode vir mãe, traga a transformação, que sua ventania arranque a casca que cobre seu filho e não o deixa andar, que sua adaga brilhante e certeira corte o que for velho e paralisador fazendo renascer uma nova forma toda lapidada e pronta para rodar em novos ventos.
Hoje o sentimento é de gratidão… á espiritualidade, a Umbanda que permite toda essa conexão, ao Pena Preta e todas as pessoas que estão comigo nessa caminhada! Como dizem (e não é qualquer um): Umbanda é para os fortes!

Eparrey minha mãe.

Aline Rossi


O que preciso saber sobre Mãe Iansã

  • Mãe Iansã atua nos ventos e em todos os pontos de força da natureza;
  • Iansã D’Balé: está junto com pai Obaluaiyê no encaminhamento dos egúns (espíritos de mortos pagãos);
  • Orixá aplicadora da lei que atua nos campos da justiça;
  • Sincretizada pelos negros na religião católica como Santa Bárbara, protetora dos raios; representada com a palma em uma das mãos que significa seu martírio, o cálice representando o cuidado aos moribundos, a torre, que foi o local foi enclausurada e a espada, símbolo de sua morte;
  • Iansã atua em nossas vidas no momento em que estamos perdidos ou nos afastamos do caminho da Lei, do caminho certo;

Pai Rubens Saraceni, em sua doutrina esclarece três orixás femininas diferentes porém que causam muitas dúvidas, Iansã, Egunitá (Oroiná) e Mãe Oyá (Logunam Tempo). As três orixás atuam de maneira semelhante mas, cada uma tem seu campo de atuação:

Mãe Egunitá/ Oroiná orixá feminino do fogo Divino, que vem queimar nossos vícios, erros e nos purificar.
Mãe Iansã nos envolve em suas espirais, impondo-nos um giro completo e transformador de nossos sentimentos viciados. Com isso, nos coloca novamente no caminho reto da vida, ou nos lança no tempo.
Mãe Oyá/ Logunã Tempo (Orixá do tempo), que atua na vida de  seus filhos principalmente os que fazem uso da fé de maneira desvirtuada. Paralisa esses filhos nos aspirais do Tempo até que possam caminhar novamente sem errar.

 

Características das filhas de Iansãyansa

  • Representam o poder feminino (protegem todos os fracos e  oprimidos);
  • Mulher independente (geralmente leva a casa nas costas);
  • Inteligente, ocupa lugares e cargos de liderança tendendo a se destacar sempre;
  • O que não consegue pela graça, consegue pela força;
  • Generosa e não admite injustiças;
  • Alegres, criativas e festeiras;
  • Perdoa e esquece o que lhe fizeram facilmente;
  • Esquece o que fez para os outros facilmente tendendo assim a errar novamente;
  • Difícil racionalizar pois é movida pela paixão, tudo o que quer, quer na hora…quer sempre pôr suas ideias em prática na hora que bem desejar;
  • Borboleta e búfalo são os animais que são símbolos de Iansã, borboleta representa a liberdade e búfalo a força.

 

A Lenda omulu e iansa

Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Obaluaiyê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os orixás. Obaluaiyê não podia entrar na festa, devido à sua medonha aparência. Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro. Ogum, ao perceber a angústia do Orixá, cobriu-o com uma roupa de palha, com um capuz que ocultava seu rosto doente, e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos. Apesar de envergonhado, Obaluaiyê entrou, mas ninguém se aproximava dele, nenhuma mulher quis dançar com ele.

Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho, ela compreendia a triste situação de Obaluaiyê e dele se compadecia,  esperou que ele estivesse bem no centro do barracão, o xirê (festa, dança, brincadeira) estava animado, os orixás dançavam alegremente e Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de palha com seu vento. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Obaluaiyê pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barracão. Obaluaiyê, o deus das doenças, transformara-se num jovem belo e encantador.

O povo o aclamou por sua beleza, Obaluaiyê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato. E, em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Iansã então dançou e dançou de alegria. Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava agora, agitava no ar o eru-exim (o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo). Iansã tornou-se Iansã d’Balé, a rainha dos espíritos dos mortos, a condutora dos eguns, rainha que foi sempre a grande paixão de Obaluaiyê.

Marisa Firmino


Mãe Iansã na Umbanda

Uma das qualidades de Deus é o direcionamento que está presente e ativo em tudo o que gera e cria. É nessa sua qualidade direcionadora que gerou Iansã.

Iansã, enquanto qualidade de Deus está em tudo e em todos, é a força móvel que direciona a fé (Oxalá), a justiça (Xangô), a evolução (Obaluaiyê), a geração (Iemanjá), a agregação (Oxum) e a lei (Ogum).

Ogum é a lei, a via reta, mas Iansã é o próprio sentido da direção da lei, pois ela é um mistério que só entra na vida de um ser caso a direção que esteja dando à sua evolução e sua religiosidade não siga a linha reta traçada pela lei maior (Ogum). Basta errarmos para que as qualidades de mãe Iansã nos envolvam em suas espirais, impondo-nos um giro completo e transformador de nossos sentimentos viciados. Com isso, mãe Iansã nos coloca novamente no caminho reto da vida, ou nos lança no Tempo, onde nossa religiosidade desvirtuada será paralisada e esgotada.

Sua atuação é cósmica, ativa, negativa mobilizadora e emocional, mas não é inconsequente ou emotiva porque ela é o sentido da lei, que não é apenas punitiva, mas também direcionadora.

Iansã aplica a lei nos campos da justiça e é extremamente ativa. Uma de suas atribuições é colher os seres fora da lei e, com um de seus magnetismos, alterar seu emocional, mental e consciência para só então direcioná-lo a uma nova linha de evolução, que o aquietará e facilitará sua caminhada pelas linhas retas da evolução.

As energias irradiadas por Iansã:

– Purificam nosso mental;
– Diminui os magnetismos negativos;
– Estimulam o emocional, acelerando suas vibrações.

Nossa amada mãe Iansã, possui vinte e uma Iansãs intermediárias que assim são distribuídas:

– Sete atuam junto ao pólo magnético irradiante e auxiliam os orixás onde entram como aplicadoras da lei, segundo os princípios da justiça divina, recorrendo aos aspectos positivos do orixá planetário Iansã.

– Sete atuam junto aos pólos magnéticos absorventes e auxiliam os orixás onde entram como aplicadoras da lei segundo seus princípios, recorrendo aos aspectos negativos da orixá planetária Iansã.

– Sete atuam nas faixas neutras das dimensões planetárias onde, regidas pelos princípios da lei ou direcionam os seres para as faixas vibratórias positivas ou os direcionam para as faixas negativas.

Como seus campos preferenciais de atuação são os religiosos, não é de se estranhar que nossa amada mãe Iansã seja confundida com mãe Oyá, já que é ela quem envia ao Tempo os eguns fora da lei do campo religioso.

Iansã do Tempo tem um vasto campo de ação e colhe os espíritos desvirtuados nas coisas da fé, enviando-os ao Tempo, onde serão esgotados.

Iansã do Balê, ou Iansã das Almas, é outra intermediária de nossa mãe maior

Iansã que é muito solicitada e conhecida pois atua preferencialmente sobre os espíritos que desvirtuam os princípios da lei que dão sustentação à vida e, como a vida é geração e Omulu atua na linha de geração, então, mãe Iansã envia aos domínios de pai Omulu todos os espíritos que atentaram contra a vida de seus semelhantes.

Orixá: Iansã
Elemento:  Eólica
Sentido divino: Direcionamento
Fatores principais: Transformação, redirecionamento.
Atribuição: Atua na transformação dos seres através de seu magnetismo.
Pólo magnético: Feminino/negativo.
Ervas: Buchinha do norte, cânfora, espada de Santa Bárbara, mamona, bambu, folha de pitanga e laranja, peregun, alfavaca…
Flores: Impatiens, palmas amarelas e vermelhas, açucena, tulipa e primavera.
Frutas e alimentos: Pitanga, laranja, abacaxi e grãos.
Cor da vela: Amarela ou vermelha
Linha de trabalho: Baianos