A umbanda é uma força mágica, Forte, Inteira e Divina.

A umbanda é uma força mágica, Forte, Inteira e Divina.

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arvores-escala-luzConheci a Umbanda há aproximadamente quatro anos. Lembro do caminho da minha casa até o terreiro. Em minhas buscas pessoais, lá estava eu, naquele caminho. Literal, no trem, descendo para a estação e caminhando pela rua íngrime. Passo por passo. Simbólico, algo que me guiava, meus guias, suas mãos nas minhas. Passo por passo. E quando entrei naquela casa, humilde, pequena, todos em fila esperando suas senhas, alguns de branco fazendo suas rezas. Era gira de Caboclo.

O momento antes de entrar, é presente na minha lembrança. E do jeito que entrei, não mais sai.

Dali, minha vida já começava a mudar. A espiritualidade se fazendo cada vez mais presente. A cor das guias passou a me encantar, o banho de ervas a me acalmar, o cheiro da arruda, me guiar e o axé a me fazer voltar-se mais para dentro de mim. E ao mesmo tempo, estabelecendo a conexão sagrada com o todo: pois cada pedacinho de mundo tornou-se Deus. 

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E dessa vez foi tudo diferente

yansa…E dessa vez foi tudo diferente, o firmar da vela, a preparação para os três dias de preceito, mal sabia que esteira e cheiro de defumação não seriam absolutamente nada perto da presença da divindade que começa a agir.
Diferente das outras obrigações, não menos importantes é claro, mas essa trouxe intensidade e a confusão interna se instalou.
Tudo veio à tona de uma só vez, os sentimentos mais profundos, guardados a 7 chaves estavam dando sinal de que precisavam sair, e aí foi explosão de sentimentos e pensamentos, irritação, tristeza… era ela aqui dentro movimentando tudo com seu temporal, e seu aguaceiro literalmente inundou tudo. Era tanto, que transbordou, era tanto que fez chorar ao deitar e ao levantar.
O atabaque soou diferente e o arrepio logo apareceu, a voz embargou, o corpo tremeu, a lagrima rolou e ela veio pegar seu filho no colo.
Pode vir mãe, traga a transformação, que sua ventania arranque a casca que cobre seu filho e não o deixa andar, que sua adaga brilhante e certeira corte o que for velho e paralisador fazendo renascer uma nova forma toda lapidada e pronta para rodar em novos ventos.
Hoje o sentimento é de gratidão… á espiritualidade, a Umbanda que permite toda essa conexão, ao Pena Preta e todas as pessoas que estão comigo nessa caminhada! Como dizem (e não é qualquer um): Umbanda é para os fortes!

Eparrey minha mãe.

Aline Rossi


Rituais na Umbanda (aula aberta)


“Religião é algo muito dinâmico, não é para os acomodados”
. (Rubens Saraceni)

Inocente aquele que pensa que, ao escolher qualquer religião para seguir, poderá frequentá-la e passar ileso por ela. Quando optamos por seguir uma religião que fala em nosso coração ou que nos ampara nos momentos mais difíceis devemos abraçar essa causa e nos dedicar de corpo e alma. É indiscutível que cada médium, tendo escolhido a Umbanda (ou tendo sido escolhido) é necessário se adaptar, se incluir nos rituais de sua casa.

Citaremos agora alguns rituais presentes na Umbanda e que geralmente causam questionamentos:

Preparação no dia do trabalho: logo pela manhã, no início do dia do trabalho espiritual, o médium deve ter alguns cuidados e se preparar, criar um ritual próprio onde facilite se lembrar de todos os seus deveres. O banho de defesa é um cuidado especial que nenhum médium deve descuidar. Tem funções diferenciadas, mas, é de extrema importância prepará-lo no dia de trabalho, mesmo que não tenha tempo de tomá-lo antes do início do trabalho, pode-se fazê-lo antes de sair de casa, pela manhã.
Outro cuidado é firmar uma vela durante esse dia, pedindo as bênçãos e proteções para a melhor condução dos trabalhos. Cuidar de sua alimentação também é importante, evitando comer carne, em especial, que é de difícil digestão e ainda contém as vibrações do animal.O mesmo para as bebidas alcoólicas ou substancias entorpecentes que modificam a vibração do médium.
No caso da prática do ato sexual, há troca de energia e todo médium precisa de energia a sua disposição para se doar durante os trabalhos. O médium melhor preparado pode tomar todos esses cuidados e pecar caso esqueça apenas um, porém o mais importante é ter boa vontade! Vontade em aprender cada dia mais, e perceber que esse conhecimento nunca cessa.

Saudando a tronqueira: não se deve entrar na casa de uma pessoa sem cumprimentar o seu dono. A mesma coisa no terreiro. Na tronqueira estão assentados os guardiões que fazem a segurança da casa. Desse modo, nada mais correto que saudá-lo e pedir-lhe licença para entrar na casa.
Antes de entrar no espaço preparado para os trabalhos, o médium deve cruzar a porta, isso mesmo, tocar o chão com as costas da mão que é a parte mais limpa de nossas mãos, fazendo uma cruz no chão. Esse movimento demonstra nossa reverência pedindo licença para entrar e saudando aqueles que ali estão firmados. Em nossa casa, por exemplo, logo ao lado da porta de entrada, temos permanentemente um ponto firmado de pai Ogum. Todo ponto riscado representa um portal aberto e deve ser respeitado não sendo pisado nem jogado objetos sobre ele. Logo depois, o médium deve se dirigir ao altar, com respeito, agradecendo em primeiro lugar por estar ali e pedindo as bênçãos dos paizinhos e mãezinhas orixás assentados naquele Congá. Cumprimentar os dirigentes da casa onde se escolheu frequentar, além de respeitoso é sinal de união, que a corrente mediúnica faz jus a seu nome onde cada médium forma um elo dessa corrente e tem sua função específica.

Postura do médium mais antigo: você pode até falar na língua dos anjos, mas, se não tiver amor, de nada servirá. O médium mais antigo de Umbanda ou da casa deve estar sempre atento para não perder a oportunidade de ajudar os médiuns iniciantes. Isso não quer dizer que o médium mais experiente deve deixar de lado seus rituais. Pelo contrário. Orar e vigiar é essencial, porque é hoje um exemplo que será seguido. Cumprimentar todos da casa, evitar se envolver em assuntos que causem constrangimento, chegar com antecedência e estar disponível, envolvido e disposto a cooperar com o melhor andamento de sua casa faz parte da conduta correta.
Em sua casa, ou ao visitar outras, o médium deve sempre adotar uma postura respeitosa, tanto em suas atitudes (procurando falar baixo, por exemplo) quanto em suas vestes, que sejam adequadas ao local religioso em que está.

Postura do médium em desenvolvimento: assim como cada pessoa é única, cada médium também é e sente sua mediunidade de uma forma. O médium necessita estar atento às mudanças, principalmente de acordo com as linhas trabalhadas. As energias dos orixás e entidades são sentidas de maneiras peculiares por cada um. É necessário ter cuidado para que os médiuns novos não se influenciem e possam assim perceber e sentir suas entidades, cada uma com suas vibrações.

Bater cabeça: o uniforme de trabalho dos umbandistas é a roupa branca. Não por ser puro, mas por ser a cor que resulta da junção de todas as outras. É dever do médium manter e cuidar de sua roupa de trabalho zelosamente. A toalhinha utilizada no momento de “Bater cabeça” tem como objetivo maior proteger nossa cabeça, nosso orí, que é sagrado, de um solo onde todos pisam e há diversos tipos de energias. O pano de cabeça, o filá, é um elemento que filtra e também protege o chacra coronário de seu médium de intervenções negativas.

Defumação: o espaço onde os trabalhos são realizados deve ser preparado. A defumação com ervas e fogo no turíbulo associa dois elementos poderosos: ar e vegetal. As ervas utilizadas com esse objetivo devem ser as quentes, por terem propriedade de limpeza mais ativas. A defumação também pode ser feita com tocha de fogo, água ou amaci.

Postura do cambone: os médiuns em desenvolvimento também podem auxiliar as entidades durante os trabalhos de diversas maneiras. A discrição e ética são palavras-chave para um cambone. O que for ouvido durante o passe não deve ser comentado com outras pessoas e, caso o cambone perceba algo que fuja da normalidade, deve comunicar apenas o dirigente, evitando assim comentários maledicentes. O cambone aprende muito com os guias enquanto ajuda, e também com os consulentes, exercitando seu lado humano e caridoso. Em determinados momentos, as entidades podem necessitar que os cambones desprendam energias para auxiliar no passe, por isso a imposição das mãos.

Ogãs e atabaques: assim como os médiuns seguem um ritual em dias de trabalhos, os ogãs também devem seguir. Adotar uma postura respeitosa com o dirigente e os trabalhadores da casa é importante. Essa postura fará com que esteja receptivo às necessidades do momento. Cada ponto cantado é uma oração e tem um objetivo. Os médiuns devem se utilizar dos pontos como chave para ativar e manter sua concentração no momento da incorporação.

Guias: é importante que todos os participantes dos trabalhos tenham suas guias, que são elementos de proteção e devem ser cruzados (benzidos) antes de utilizados. Desse modo, é ativado como elemento de proteção. As guias de Oxalá e das sete linhas da Umbanda são as primeiras que o médium deve ter. As outras, deverão ser adquiridas conforme as entidades pedirem. Vale lembrar que não são adornos, enfeites e que a quantidade de guias não está associada ao “poder” da entidade ou do médium.

Saída do terreiro: assim como ao entrar, bem como sair, o médium deve respeitosamente, saudar o altar, o chão e a tronqueira, agradecendo pela oportunidade e sustentação daquele trabalho. É importante que nunca saia do terreiro se sentindo mal ou com alguma dúvida. Os dirigentes devem estar atentos para auxiliar e responder possíveis questionamentos.

Elza Maria Firmino da Silva
Marisa Firmino da S. Sanches


Saudando guias e orixás na Umbanda

ORIXÁS
Oxalá – Oxalá Yê meu Pai / Exê Babá! (O Senhor realiza / Obrigado Pai)
Oiá – Olha o tempo, minha mãe!
Oxum – Ora Yê iê, ô! (Olhe por nós, mãezinha!)
Oxumaré – Arroboboio! (Senhor das águas supremas)
Oxossi – Oke Arô! (Dê seu brado, majestade!)
Obá – Akirô Oba Yê! (Eu saúdo o seu conhecimento, senhora da Terra!)
Xangô – Kaô Kabecilê! (Permita-me vê-lo, majestade!)
Egunitá – Kali Yê, minha mãe! (Salve a Senhora negra, minha mãe!)
Ogum – Ogum Yê, meu pai! (Salve o senhor da guerra!)
Iansã – Eparrei, Iansã! (Salve o raio, Iansã!)
Obaluaiê – Atotô, meu pai! (Peço quietude, meu pai!)
Nana Buruquê – Saluba Nanã! (Salve a mãe das águas pantaneiras!)
Iemanjá – Adoci-Yaba / Odoiá, minha mãe! (Salve a senhora da água!)
Omolu – Atotô, meu pai / Omolu Yê! (Peço quietude, meu pai! Salve o senhor Omolu!)

GUIAS
Exu – Laroyê Exu / Exu Omojubá! (olhe por mim, Exu/Vós sois grande, Exu, ou Eu me curvo a ti, vós sois poderoso, Exu!)
Pombagira – Salve a senhora Pombagira! Pombagira saravá! (Salve a senhora Pombagira!)
Exu Mirim – Laroyê, Exu Mirim! (Olhe por mim, Exu Mirim!)
Pretos Velhos – Adorei as almas!
Caboclos – Okê Caboclos! (Dê seu brado, Caboclo!)
Crianças – Oni Beijada! (Salve os irmãos do altar!)
Baianos – É da Bahia / Salve a Bahia, meu Pai!
Marinheiros – Salve a marujada / Salve o povo do mar!
Boiadeiros – Jetuá, Boiadeiros /Marambá!
Ciganos – Salve o povo do Oriente /Salve Santa Sara Kali!

Fonte: Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista – Madras Editora