Os orixás e as sete linhas da Umbanda (aula aberta)

Os orixás e as sete linhas da Umbanda (aula aberta)

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Vista do plano espiritual, a Umbanda veio para harmonizar as famílias brasileiras, segundo Zélio Fernandino de Moraes. Sabemos que nossa linda religião adotou elementos do catolicismo, como a defumação, sincretismo com os santos e orações, bem como do povo oriental a magia e o ponto riscado. Sem falar da mãe África, na figura do negro como nossos amados Pretos Velhos e dos indígenas, com sua pajelança e rituais de curas. As famílias ricas, tradicionais brasileiras do inicio do século passado, enviavam seus filhos para estudarem na Europa, onde conheciam o Kardecismo. Quando regressavam ao Brasil, trouxeram na bagagem as mesas espíritas compostas apenas pela alta sociedade da época.

A partir da incorporação de pai Zélio, a Umbanda se desdobrou em diversas manifestações dentro da própria religião: Umbanda Branca, Umbandomblé, Umbanda Carismática, Umbanda Cristã, entre outras. Diferentes práticas que nos deixam um questionamento: não seria melhor se nossa religião tivesse uma bíblia, um livro sagrado, um codificador? Onde as regras ficassem claras e expostas, sem contestação?

Em 1914 aconteceu no Brasil o primeiro Congresso de Umbanda onde ficou muito claro que pregamos uma religião de liberdade, onde cada um pode expressar seus sentimentos. Com certeza existe algo que podemos chamar de código de conduta ou espinha dorsal umbandista. Tratam-se de algumas características que nos fazem identificar um terreiro ou até mesmo seus adeptos. Podemos citar aqui o uniforme de trabalho todo branco, a utilização de ervas, velas, charutos e cachimbos. Outro fato importante é a rejeição de trabalhos com oferenda de sacrifício animal.

WW da Mata e Silva, médium desde os nove anos, pesquisador e escritor, depois de1954 publicou inúmeros artigos sobre a Umbanda. A partir de suas experiências fundou a Umbanda Carismática, onde mostrou que na vida, tudo acontece em três fases: Criança, Adulto e Anciência. E denominou que na Umbanda também seria assim, com Erês (criança), Caboclos (adulto) e Pretos Velhos (anciência).

Os orixás de Umbanda
Cada orixá ou linha de trabalho traz referências a essas três fases da vida.
Anos depois, Rubens Saraceni, com seus estudos inovadores, elucidativos e práticos, nos ensinou que as sete linhas da Umbanda não são sete pessoas, mas sim, sete vibrações que ressoam em outras sete.

Vale lembrar que os praticantes da Umbanda sempre sentiram a necessidade de saber mais, conhecer mais e esse tipo de conhecimento vem sendo revelado ao passo que os praticantes estejam preparados para tal.

Hoje em dia, algumas certezas já possuímos, como por exemplo saber que orixá não é uma pessoa, nunca esteve encarnado em nosso planeta. Trata-se de uma vibração, um estado de Deus, e a mediunidade é o elo de ligação entre todas as energias.

Rubens Saraceni ainda nos ajudou na doutrina e personificação de nossa fé, o que precisamos entender para praticar a nossa fé. Desse modo, nos apresentou os “Tronos de Deus”:

Orixá Negativo –

Sentido

Orixá Positivo +

Elemento

Oiá Tempo (Logunã)

Oxalá

Cristal

Oxumaré

Amor

Oxum

Mineral

Obá

Conhecimento

Oxóssi

Vegetal

Egunitá

Justiça

Xangô

Fogo

Iansã

Ordem/lei

Ogum

Ar

Nanã

Evolução

Obaluayiê

Terra

Omulu

Geração

Iemanjá

Água

Assim, como tudo na vida tem seu lado positivo e negativo, os orixás também apresentam essa polaridade. Mas, em se tratando de orixás, positivo e negativo não significam bem ou mal. Os orixás positivos irradiam, já os negativos trabalham o nosso lado negativo, nos paralisando, esgotando nosso lado obscuro. Como um ímã com seus dois polos: um que atrai e outro que repele. O ser humano é único na natureza que pode estar bem em um sentido e negativado em outro, por exemplo, posso estar profetizando minha fé, ser um praticante (positivo) e estar odiando alguém (negativo).

Desenvolvimento
Pesquisando nos documentos das manifestações de pai Zélio, temos os registros das presenças, durante as sessões mediúnicas, apenas dos Caboclos, Pretos Velhos, Crianças e Malês, que eram os mandingas na época dos escravos, os detentores de todos os conhecimentos, sabedores de todas as magias e patuás. Daí o ditado “Quem não pode com o mandinga, não carrega o patuá”.

Com a abertura das outras tendas espíritas a partir da casa de pai Zélio, os médiuns começaram a aparecer, vindos de outras casas, terreiros de candomblé ou centros espíritas. Daí então a fusão e o aparecimento da incorporação dos orixás na Umbanda: médiuns que vinham do Candomblé começavam a incorporar mãe Iemanjá, Oxum…

O mais importante a ser frisado depois de longa reflexão é que todo médium na Umbanda é um oráculo vivo e entendemos por oráculo aquele que pode levar uma palavra amiga ou dar uma benção. Esse poder eleva ou corrompe o médium que fazendo previsões em nome de seus guias está atentando contra a própria religião. Portanto, fica o alerta: cuidado, orai e vigiai, sempre!

Marisa Firmino da Silva Sanches


1ª aula aberta – Umbanda: quem é você?

mediunidade-umbanda-blogNossa amada Umbanda é uma religião muito nova, e por ter apenas um século de vida precisa ser disseminada e estudada para que seus praticantes saibam responder todas as dúvidas e expliquem com sabedoria sua religião para elevá-la cada vez mais.
Até hoje os umbandistas são tidos por muitas pessoas como aqueles que fazem amarração do amor, trazem o amor perdido em sete dias ou são “mães” ou “pais” de postes. Não! Absolutamente, não. Umbanda é muito mais que isso: é a manifestação dos espíritos para o amor e a caridade, simples assim! E aqueles que abraçam essa causa têm por obrigação estudar para aprender e poder desmistificar essas falsas ideias.

Vale dizer também que nossa religião não é uma seita, pois a Umbanda tem sacramentos como batismo, casamento, cerimônia de funeral, além dos ritos de passagem como os que os médiuns passam (iniciação, desenvolvimento mediúnico e confirmação dos guias para poderem trabalhar nos passes).

Podemos considerar que a Umbanda é uma religião completa e rica devido à agregação e sincretismo com todas as religiões que a ajudaram a se originar.

Desse modo, temos assim suas origens:

Indígena: espíritos nativos que já viviam no Brasil antes da colonização e conheciam a incorporação por meio do Xamanismo. Herdamos desse povo o culto à Jurema, os banhos de ervas, o respeito à natureza e as práticas como Catimbó com seus mestres e pajelança.

Europeia: a alta sociedade brasileira enviava seus filhos para estudarem na Europa. Quando retornavam, traziam ideias dos estudos doutrinários kardecistas.
Os portugueses quando chegaram no Brasil, catequizaram os índios e nos deixaram a religião católica, da qual a Umbanda se apropriou de ritos como a defumação e água benta, sem falar do sincretismo com suas imagens que já eram utilizadas pelos escravos por não poderem cultuar seus orixás.

Africana: os negros trazidos escravizados para o Brasil já cultuavam seus ancestrais e divindades que chamamos de Orixás, os senhores do alto (ori). Em solo africano já praticavam a incorporação espiritual e reverenciavam seus orixás em seus pontos de forças na natureza. O Candomblé preserva esses cultos de nações nos dias atuais.

Oriental: a magia que herdamos é utilizada na Umbanda de forma tão abrangente que se tornou parte da religião, como exemplo dos pontos riscados de escritas mágicas. Magia é transformação e ninguém usa magia para permanecer como está. Todos querem melhorar e evoluir.

Assim sendo, podemos concluir que a Umbanda é uma religião nova que tem em suas raízes uma cultura milenar, que é monoteísta, ou seja, reverencia um único Deus apesar de cultuar, evocar e reverenciar um panteão de orixás que nunca deixam de atender nossos clamores mais sinceros. Religião que tem seus próprios fundamentos e crê na manifestação dos espíritos para auxiliar seus irmãos encarnados.
Na Umbanda, não existe pecado, céu e inferno: trabalhamos com a simples lei da física de ação e reação, positivo e negativo. Nossa religião e seus seguidores se orgulham de sempre fazer uso das palavras do médium Zélio Fernandino de Moraes, que ao incorporar um caboclo, em 1908, nos deixou a mensagem que a nenhum rejeitaremos e a todos aceitaremos, nossa religião é livre de qualquer tipo de preconceito.

Desse modo, para concluir, uma de nossas maiores dificuldades hoje é um umbandista se apresentar como umbandista e saber explicar e defender sua religião. Devemos entender como as coisas devem ser na Umbanda simples, porém de coração e sempre realizadas com muito amor, pois aqui não se pratica o mal!
Marisa Firmino da S. Sanches


Orixá Oxum

Oxum é o trono natural irradiador do amor divino e da concepção da vida em todos os sentidos. Como mãe da concepção, ela estimula a união matrimonial e, como trono material, favorece a conquista da riqueza espiritual e abundância material.
Oxum desperta o amor nos seres, os agrega e dá início à concepção da própria vida. Por isso, é tida como orixá que rege a sexualidade, pois por ela a vida é concebida à carne, multiplicando-se.
Tudo o que se liga no universo, só se liga devido ao magnetismo agregador de oxum que está em todas as qualidades de Deus, sentimentos, criação, seres, em todas as criaturas e espécies.
Orixá Oxum é trono regente do polo magnético irradiante do amor e atua na vida dos seres estimulando sentimentos de amor, fraternidade e união.

Todos devem saber que a água é o melhor condutor de energias minerais e cristalinas. Por essa sua qualidade única, surgem diversos tipos de água “doce”, sendo que a dos rios é a melhor rede de distribuição de energias minerais que temos no planeta Terra. Já o mar, é o melhor irradiador de energias cristalinas.
Já que a energia irradiada pelo mar é cristalina e a energia irradiada pelos rios, é mineral, surge então uma grande confusão entre mãe oxum e mãe Yemanjá.
A energia mineral está presente em todos os seres bem como nos vegetais. Desse modo, Oxum também está presente na linha do conhecimento, pois sua energia cria a atração entre as células vegetais carregadas de elementos minerais. Já em nível mental, a atuação pelo conhecimento é uma irradiação carregada de essências minerais ou de sentimentos típicos de Oxum, a concepção em si mesma.

Saibam que a ciência dos orixás é tão vasta como divina e está na raiz de todo o saber, na origem de todas as criações divinas e na natureza de todos os seres. É na ciência dos orixás que as lendas se fundamentadas e não o contrário. Leiam e releiam esse comentário até entenderem esta magnífica ciência divina e aprenderem suas chaves interpretadoras da ciência dos entrecruzamentos. Se conseguirem estas duas coisas, temos certeza que daí por diante entenderão porque a rosa vermelha é usada como presente pelos namorados e a rosa branca é usada pelos filhos como presente para suas mães. Porque se oferecem rosas vermelhas para pomba-gira, rosas brancas para Yemanjá, rosas amarelas para Oxum e rosas cor de rosa para as crianças (Erês).

Se todas são rosas, no entanto os pigmentos que as distinguem são os condutores de minerais e de energias minerais. Para um leigo todas são rosas. Mas para um conhecedor, cada rosa é um mistério em si mesma. O mesmo acontece com cada cor, certo? Logo, o mesmo acontece com cada orixá intermediário, que são mistérios dos orixás maiores.
Todo jardim com muitas roseiras é irradiador de essências minerais que tornam o ambiente um catalisador natural das irradiações de amor da divindade planetária que, amorosamente, chamamos de mamãe Oxum.

Outra coisa que recomendo ao umbandista é; por que, vocês ao invés de oferecerem rosas às suas Oxuns, não plantam perto das cachoeiras mudas de roseiras? As rosas murcham e logo apodrecem. Mas, uma muda de roseira cresce, floresce, embeleza e vivifica o santuário natural dessa nossa mãe do amor.

(Rubens Saraceni)

Para saber mais:

Orixá: Oxum
Elemento: Mineral
Sentido divino: Amor
Fatores principais: Concepção, agregação
Atribuição: Irradiar o amor vivo a todos os seres
Pólo magnético: Positivo – feminino
Ervas: Cipó cabeludo, buchinha do norte, malva, erva doce, patchouly
Flores: Rosas de todas as cores, calendula, camomila, jasmim do mato
Frutas e alimentos: Maçã, melão, pêra, pêssego, uva rosada, morango
Cor da vela: rosa
Linha de trabalho: crianças


Oração a Oxum

Que nossa amada mamãe Oxum, derrame sobre nós Suas energias de amor!
Que possamos senti-la em nossa caminhada.
Que nos momentos de aflição seja o vosso amor a nos sustentar.

Ora Yê Yê ô, mamãe Oxum

(Elza Maria Firmino da Silva, para o CD em homenagem a mamãe Oxum)


Oração a São Cosme e São Damião

Oração a São Cosme e São Damião
Cosme e Damião, luzeiros espíritos da corte de Oxalá, amados benfeitores, queridos guias, nós imploramos a vossa proteção, força, saúde e resignação para que possamos cumprir nossa missão com os desígnios de Pai Oxalá.
Dai-nos sempre os fluidos de paz, amor, alegria e felicidade que vos são peculiares.

Curai nossos males, fortalecendo nossos corpos materiais, proporcionando aos nossos espíritos as satisfações que lhes sejam agradáveis. Protegei-nos e a nossos familiares; protegei também todas as criancinhas, para que tenham, a cada dia, uma vida melhor, com Cristo em seus corações.

Que vossos fluidos sacrossantos, recaiam sobre nossas cabeças.

Saravá Cosme e Damião!
Saravá toda Ibejada!


Cordão na cintura. Qual a utilidade?

O cordão é mais um elemento de trabalho exclusivo para a linha da Esquerda, principalmente por ser feito de algodão, elemento natural, juntamente com suas cores fortes, vermelha e preta, é um condensador de energias.

Sua entidade irá consagrá-lo para que seja usado como um portal que atuará nos trabalhos de descarrego, cura e equilíbrio. É também um eficiente elemento para limpeza durante os trabalhos de passe dos consulentes. No final dos trabalhos, ele atuará na limpeza do próprio médium.


Iemanjá, as sereias e os marinheiros

A vida
Vida é existência! Como somos seres espirituais, a vida é uma das vias de evolução do espírito, que é eterno, imortal.
A mãe da vida, criativa e geradora, é a divindade Iemanjá, criada e gerada pelo Divino Criador, Olorum, para ser um princípio doador e amparador da vida. Ela atua com intensidade na geração dos seres, das criaturas e das espécies.

As características marcantes da amada mãe Iemanjá são o amor maternal, a criatividade e a geração. Ela simboliza o amparo, a maternidade que envolve os seres, amparando-os e encaminhando-os diligentemente, protegendo-os até que tenham seus conscienciais despertados, estando aptos a se guiar.
A criatividade de mãe Iemanjá torna os seres capazes de se adaptarem às condições e meios adversos. A geração irradia essa qualidade a tudo e a todos, concedendo-lhes a condição de se fundirem para se multiplicar e se repetir.

Iemanjá é a amada mãe da vida pois gera em si mesma e sustenta o nascimento. Ela é a água que vivifica os sentimentos e umidifica os seres, tornando-os fecundos na criatividade (vida). Iemanjá rege o mar, que é um santuário natural, um altar aberto a todos. Por isso é chamada “Rainha do mar” para onde tudo é levado, para ser purificado e depois devolvido. Água é vida! Somos regidos pelas águas pois tanto nosso corpo como nosso planeta são constituídos predominantemente por água.
A energia salina das Sete Águas Divinas de mãe Iemanjá cura enfermidades do espírito, queima larvas astrais resistentes e irradia energias purificadoras para o nosso organismo. O mar é elemento da vida e irradiador de energias que purificam o planeta e o mantém imantado.

Salve mãe Iemanjá!

A linha das sereias

As sereias e demais encantados aquáticos são seres naturais, isto é, que nunca encarnaram regidas por Iemanjá, Oxum e Nanã Buruquê. Elas têm um poder purificador de limpeza e descarga de energias negativas superior a qualquer outra linha de trabalho da Umbanda Sagrada. Elas não falam, mas seu canto é um poderoso mantra aquático diluidor de energias negativas.
As sereias verdadeiras são seres naturais regidas por Iemanjá. As Ondinas, ou antigas sereias, são mais velhas e são regidas por Nanã. As encantadas elementais são regidas por Oxum.
Essas três mães d’água regem o mistério Sereia do Ritual da Umbanda Sagrada. Todas podem incorporar com canto de Iemanjá, Oxum ou Nanã.

A linha dos Marinheiros
Os Marinheiros são espíritos do mar alegres e cordiais. Seu magnetismo aquático lhes dão a impressão de que o solo está se movendo sob seus pés, por isso eles imitam os marujos nos tombadilhos dos navios.

Os Marinheiros são espíritos de antigos piratas, marujos, guardas marinhos, pescadores e capitães do mar, regidos por Iemanjá e Oxalá, mas atuam também sob a irradiação dos demais orixás.

Fonte: Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista. Ed. Madras

Saiba mais
“Iemanjá é o Trono Divino da Geração e seu campo preferencial de atuação é no amparo à maternidade”.

Elemento: água
Sentido divino: geracionista
Fator principal: gerador, amparador da vida
Atribuição: irradiar a todos os seres o sentido da vida
Ervas quentes: erva de bicho, alho desidratado, casca de alho…
Ervas mornas: alfazema, anis estrelado, rosa branca, flor de camomila, erva de Santa Maria, flor Hibisco, manjerona…
Flores: rosas brancas, flores brancas e azuladas, Hortência, margarida…
Frutas e alimentos: melão, melancia, alface, arroz branco, leite…
Cor de vela: azul clara
Linha de trabalhos: Marinheiros


Oração a Iemanjá

Divina Mãe, protetora dos pescadores e que governa a humanidade, dai-nos proteção.
Oh! Doce Iemanjá limpe as nossas auras, livrai-nos de todas as tentações.
Vós que sois a força da natureza, linda deusa do amor e bondade.
Ajude-nos descarregando as nossas matérias de todas as impurezas e que a vossa falange nos proteja, dando-nos saúde e paz.

Que assim seja feita a vossa vontade. Odoyá!


A linha dos Baianos na Umbanda

“…Se um espírito missionário iniciou a corrente dos “Baianos” é porque na Terra ele havia sido um Babalorixá baiano e continuou a sê-lo no plano espiritual. Ele havia sido um baiano cultuador dos orixás e continuou a sua missão em espírito, iniciando um dos mistérios da religião umbandista.

São espíritos alegres, brincalhões, descontraídos… São conselheiros, orientadores, aguerridos e chegados à macumba (dança ritual), durante a qual trabalham, enquanto giram com seus passos próprios.
(Rubens Saraceni – Umbanda Sagrada – Madras Ed.)

O arquétipo adotado para a linha de ação e trabalho dos baianos da Umbanda é o culto aos antepassados, aos tradicionais pais e mães de santo da Bahia, embora manifestem-se pais e mães de santo de todos os recantos do país. Esse arquétipo, segundo Pai Rubens Saraceni, foi criado justamente a partir daqueles que melhor sustentaram e popularizaram o culto aos Orixás no Brasil, ou seja, a figura alegre, curiosa, intrometida e extrovertida dos sacerdotes dos Orixás, com suas rezas, magias, quizilas, feitiços etc. e dos mestres e rezadores nordestinos.

“A Linha dos Baianos é essa linha: a dos heróis anônimos que sustentaram o culto aos Orixás e os semearam primeiro em solo baiano, e posteriormente no resto do Brasil e, com  a Umbanda organizada os levarão ao mundo”.
(Rubens Saraceni – Os Arquétipos da Umbanda – Madras Ed.)

A gira dos baianos é sempre muito animada e essas entidades têm sempre respostas certeiras e rápidas para as nossas questões, para sabermos lidar com as adversidades diárias, com alegria e descontração.


Mãe Iansã na Umbanda

Uma das qualidades de Deus é o direcionamento que está presente e ativo em tudo o que gera e cria. É nessa sua qualidade direcionadora que gerou Iansã.

Iansã, enquanto qualidade de Deus está em tudo e em todos, é a força móvel que direciona a fé (Oxalá), a justiça (Xangô), a evolução (Obaluaiyê), a geração (Iemanjá), a agregação (Oxum) e a lei (Ogum).

Ogum é a lei, a via reta, mas Iansã é o próprio sentido da direção da lei, pois ela é um mistério que só entra na vida de um ser caso a direção que esteja dando à sua evolução e sua religiosidade não siga a linha reta traçada pela lei maior (Ogum). Basta errarmos para que as qualidades de mãe Iansã nos envolvam em suas espirais, impondo-nos um giro completo e transformador de nossos sentimentos viciados. Com isso, mãe Iansã nos coloca novamente no caminho reto da vida, ou nos lança no Tempo, onde nossa religiosidade desvirtuada será paralisada e esgotada.

Sua atuação é cósmica, ativa, negativa mobilizadora e emocional, mas não é inconsequente ou emotiva porque ela é o sentido da lei, que não é apenas punitiva, mas também direcionadora.

Iansã aplica a lei nos campos da justiça e é extremamente ativa. Uma de suas atribuições é colher os seres fora da lei e, com um de seus magnetismos, alterar seu emocional, mental e consciência para só então direcioná-lo a uma nova linha de evolução, que o aquietará e facilitará sua caminhada pelas linhas retas da evolução.

As energias irradiadas por Iansã:

– Purificam nosso mental;
– Diminui os magnetismos negativos;
– Estimulam o emocional, acelerando suas vibrações.

Nossa amada mãe Iansã, possui vinte e uma Iansãs intermediárias que assim são distribuídas:

– Sete atuam junto ao pólo magnético irradiante e auxiliam os orixás onde entram como aplicadoras da lei, segundo os princípios da justiça divina, recorrendo aos aspectos positivos do orixá planetário Iansã.

– Sete atuam junto aos pólos magnéticos absorventes e auxiliam os orixás onde entram como aplicadoras da lei segundo seus princípios, recorrendo aos aspectos negativos da orixá planetária Iansã.

– Sete atuam nas faixas neutras das dimensões planetárias onde, regidas pelos princípios da lei ou direcionam os seres para as faixas vibratórias positivas ou os direcionam para as faixas negativas.

Como seus campos preferenciais de atuação são os religiosos, não é de se estranhar que nossa amada mãe Iansã seja confundida com mãe Oyá, já que é ela quem envia ao Tempo os eguns fora da lei do campo religioso.

Iansã do Tempo tem um vasto campo de ação e colhe os espíritos desvirtuados nas coisas da fé, enviando-os ao Tempo, onde serão esgotados.

Iansã do Balê, ou Iansã das Almas, é outra intermediária de nossa mãe maior

Iansã que é muito solicitada e conhecida pois atua preferencialmente sobre os espíritos que desvirtuam os princípios da lei que dão sustentação à vida e, como a vida é geração e Omulu atua na linha de geração, então, mãe Iansã envia aos domínios de pai Omulu todos os espíritos que atentaram contra a vida de seus semelhantes.

Orixá: Iansã
Elemento:  Eólica
Sentido divino: Direcionamento
Fatores principais: Transformação, redirecionamento.
Atribuição: Atua na transformação dos seres através de seu magnetismo.
Pólo magnético: Feminino/negativo.
Ervas: Buchinha do norte, cânfora, espada de Santa Bárbara, mamona, bambu, folha de pitanga e laranja, peregun, alfavaca…
Flores: Impatiens, palmas amarelas e vermelhas, açucena, tulipa e primavera.
Frutas e alimentos: Pitanga, laranja, abacaxi e grãos.
Cor da vela: Amarela ou vermelha
Linha de trabalho: Baianos