- Mãe Iansã atua nos ventos e em todos os pontos de força da natureza;
- Iansã D’Balé: está junto com pai Obaluaiyê no encaminhamento dos egúns (espíritos de mortos pagãos);
- Orixá aplicadora da lei que atua nos campos da justiça;
- Sincretizada pelos negros na religião católica como Santa Bárbara, protetora dos raios; representada com a palma em uma das mãos que significa seu martírio, o cálice representando o cuidado aos moribundos, a torre, que foi o local foi enclausurada e a espada, símbolo de sua morte;
- Iansã atua em nossas vidas no momento em que estamos perdidos ou nos afastamos do caminho da Lei, do caminho certo;
Pai Rubens Saraceni, em sua doutrina esclarece três orixás femininas diferentes porém que causam muitas dúvidas, Iansã, Egunitá (Oroiná) e Mãe Oyá (Logunam Tempo). As três orixás atuam de maneira semelhante mas, cada uma tem seu campo de atuação:
Mãe Egunitá/ Oroiná orixá feminino do fogo Divino, que vem queimar nossos vícios, erros e nos purificar.
Mãe Iansã nos envolve em suas espirais, impondo-nos um giro completo e transformador de nossos sentimentos viciados. Com isso, nos coloca novamente no caminho reto da vida, ou nos lança no tempo.
Mãe Oyá/ Logunã Tempo (
Orixá do tempo), que atua na vida de seus filhos principalmente os que fazem uso da fé de maneira desvirtuada. Paralisa esses filhos nos aspirais do Tempo até que possam caminhar novamente sem errar.
Características das filhas de Iansã
- Representam o poder feminino (protegem todos os fracos e oprimidos);
- Mulher independente (geralmente leva a casa nas costas);
- Inteligente, ocupa lugares e cargos de liderança tendendo a se destacar sempre;
- O que não consegue pela graça, consegue pela força;
- Generosa e não admite injustiças;
- Alegres, criativas e festeiras;
- Perdoa e esquece o que lhe fizeram facilmente;
- Esquece o que fez para os outros facilmente tendendo assim a errar novamente;
- Difícil racionalizar pois é movida pela paixão, tudo o que quer, quer na hora…quer sempre pôr suas ideias em prática na hora que bem desejar;
- Borboleta e búfalo são os animais que são símbolos de Iansã, borboleta representa a liberdade e búfalo a força.
A Lenda
Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Obaluaiyê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os orixás. Obaluaiyê não podia entrar na festa, devido à sua medonha aparência. Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro. Ogum, ao perceber a angústia do Orixá, cobriu-o com uma roupa de palha, com um capuz que ocultava seu rosto doente, e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos. Apesar de envergonhado, Obaluaiyê entrou, mas ninguém se aproximava dele, nenhuma mulher quis dançar com ele.
Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho, ela compreendia a triste situação de Obaluaiyê e dele se compadecia, esperou que ele estivesse bem no centro do barracão, o xirê (festa, dança, brincadeira) estava animado, os orixás dançavam alegremente e Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de palha com seu vento. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Obaluaiyê pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barracão. Obaluaiyê, o deus das doenças, transformara-se num jovem belo e encantador.
O povo o aclamou por sua beleza, Obaluaiyê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato. E, em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Iansã então dançou e dançou de alegria. Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava agora, agitava no ar o eru-exim (o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo). Iansã tornou-se Iansã d’Balé, a rainha dos espíritos dos mortos, a condutora dos eguns, rainha que foi sempre a grande paixão de Obaluaiyê.
Marisa Firmino