MISTÉRIO EXÚ
Category : Central de Estudos , Tópicos sobre a prática de Umbanda
(Firmeza e ponto de força)
Sempre é muito controverso e delicado explanar sobre Exú. Toda religião traz seu aspecto positivo e negativo (no sentido punitivo). Com nossas heranças católicas, por muito tempo, Exú foi considerado o próprio diabo ou aquele que nos puniria caso não respeitássemos as santas leis impostas pela igreja. A maioria das imagens que encontramos desse Orixá é amedrontadora, com chifres e rabos justamente para nos provocar medo. Mas, quem não teme ser castigado?
Primeiramente, para falar de Exú, precisamos diferenciar Orixá e Trabalhadores. No culto africano religioso, Exú se apresenta como Orixá, desse modo, não incorporante em seus médiuns. Nas lendas, Exú foi o primeiro orixá criado por Olunmirá no início dos tempos. Por esse motivo que, até hoje, saudamos e reverenciamos Exú antes de iniciarmos nossos trabalhos ou até mesmo antes de oferendar nossos Orixás da Direita. Todos os médiuns têm um Exú Orixá e um Exú de trabalho, que busca a evolução através da incorporação em seus médiuns.
Os Exús trabalhadores sabem como é difícil o caminho da evolução: a maioria deles já viveu encarnado e se afinizou, por algum motivo aos orixás Exús e foram recolhidos por esse místério para juntamente trabalharem. O caminho da evolução existe para todos nós, mas cabe a cada um escolher como quer evoluir. Na Umbanda encontramos a linha dos Baianos e Boiadeiros, que podemos chamar de linha transitória de evolução. Muitos Baianos e Boiadeiros já foram Exús que, atingiram um grau evolutivo e consequentemente, puderam trabalhar na Direita. Vale lembrar que nem todos querem deixar de ser Exú e continuam trabalhando na Esquerda.
Por Exús de trabalho, entendemos que são espíritos neutros, ou seja, trabalham por recompensas. Nenhum Exú vai se dispor a fazer um trabalho se não tiver uma paga. Mas, que fique claro, assim como um bom amigo, socorre seu “protegido” nos momentos de aflição. E justamente por não trabalharem “de graça” é que são neutros, dessa forma, o Exú não se compromete quando presta seu serviço à uma pessoa, mas somente ela mesma. Ainda podemos ver nos dias de hoje, consulentes pedindo por coisas ruins nas giras de Esquerda. Exú se diverte com isso e a todo custo mostra ao consulente que a lei do retorno é implacável e quem sofrerá as consequências desse tipo de trabalho não é o Exú, mas sim aquele que pediu (quem deve paga, quem merece, recebe). Exú responde ao fundamento da casa onde Ele trabalha e não vai dar dez passos para trás de sua caminhada evolutiva em troca de “favores”.
Exú deve ser respeitado, sim! Temido, por alguns também. Não podemos considerá-lo nosso irmão ou escravo, executor de todo tipo de serviço, como já vimos muitos dizerem. Exú é executor da lei e do carma individual de cada um. É aquele que está ao nosso lado, no dia a dia, nos trazendo a proteção, caminhos abertos e aguçando nossa intuição. Feliz daquele médium que cria uma relação de respeito com seu guia podendo assim, receber as respostas automaticamente quando são feitas as perguntas.
Assim é Exú! Tem seu ponto riscado, relacionado ao Orixá maioral da Esquerda que está ligado e também ao orixá da direita que responde. Desse modo temos Exús para cada orixá, na Umbanda. Seu símbolo é fálico ou um tridente. Seu fator é vitalizador e por assim ser, está diretamente ligado à sexualidade humana por onde irá vitalizar um indivíduo que esteja necessitando de ajuda ou desvitalizar caso necessite ser punido.
Diferentemente dos orixás da Direita, Exú é positivo e negativo ao mesmo tempo, sendo assim, energiza e paralisa os seres ou criaturas que necessitarem. Exú trabalha com pemba e vela preta, jamais com pemba branca. Um médium pode riscar o ponto do seu Exú para pedir-lhe algo usando pemba branca mas nunca o Exú. Da mesma forma, o Exú respeita a hierarquia dos orixás à direita e NUNCA cruzará uma guia de Oxalá ou Iemanjá, por exemplo para dar à um consulente.
Jamais, em hipótese alguma, podemos confundir orixá Exú, Exú trabalhador, de lei com quiumbas: seres infernais que ao desencarnarem, não modificam sua natureza e continuam livres fazendo maldade ou, escravizados por quiumbas mais poderosos, prestando serviços, dispostos a prejudicarem pessoas pelos quais são mandados. Esses espíritos não têm regras e muitas vezes, quando a Lei se apieda deles, ao se aproximarem de nossos terreiros, são recolhidos, paralisados e levados para seus lugares de merecimentos.
Em nosso terreiro, temos duas Tronqueiras (altar direcionado ao culto dos Orixás à Esquerda):
• Na Tronqueira da porta de entrada estão assentados apenas um casal de guardiões: guardião e guardiã, que são responsáveis pela segurança e proteção do nosso terreiro; os médiuns quando chegam devem saudar essa Tronqueira pedindo licença para entrar na casa;
• Na Tronqueira de baixo, estão representados os Exús, Pombagiras e Exús Mirins individuais de cada médium, por isso, acendemos nossa vela e fazemos nossas firmezas lá. Sendo que o correto é que cada médium tenha seu altar da Esquerda em casa para fazer sua firmeza antes de cada trabalho, por exemplo, o vaso de proteção.
Ervas de Exú: casca de alho, casca de cebola, açoita cavalo, dandá, pinhão roxo e pimentas.
Elza Maria Firmino da Silva
Marisa Firmino da S. Sanches